segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os 11 melhores quadrinhos que eu li em 2011


Oyasumi Punpun



Understanding Comics



Powr Mastrs



Marvel Strange Tales 2



Keeping Two



Sixteen Miles To Merrick



Our Blood Stained Roof



Scott Pilgrim



Incognito



Valentina Au Debotte



Mesmo Delivery

Os 11 melhores jogos de 2011


Bastion



At A Distance



Glissaria



Viriax



Trauma



Hide



The Stanley Parable



Sword & Sworcery EP



Super Crate Box



Orcs Must Die



Shoot First

domingo, 5 de junho de 2011

Mediocridade is killing me

Dá play e vai lendo o texto junto com a música



Tem algo que desde sempre me emputeceu: a mediocridade. Vez ou outra comento ela, nunca demoradamente. Mas a ocasião agora é outra, morreu Gil Scott-Heron e o tema veio à tona.

No dia 27 de Maio, Scott-Heron morreu por razões ainda desconhecidas. Um músico, poeta, e pensador negro que conseguiu a rara proeza de manter o altíssimo nível musical durante 40 anos de carreira. Um dos precursores do rap junto com o grupo The Last Poets. Seu poema/música "The Revolution Will Not Be Televised" tem influência até hoje. E dentre várias outras proezas que não cabe a mim demorar (depende de você pesquisar).

Como já era de se esperar, ele estava certo, a revolução não será televisionada, ela ocorrerá na internet pra quem se esforçar pra descobrir. Porque, assim como o verdadeiro rap (aquele que realmente é rhytm and poetry) anda apagado por milhares de bling-bling e incompetência musical, a internet está cheia de mediocridade. Assange, códigos abertos, kickstarter e afins são sobrepostos por "famílias de bandas", babaquice de "comediantes", ecletismos, gente ensandecida sem razão. A situação é tétrica, horrenda, calamitosa. Um típico usuário passa de duas a quatro horas na rede, e é incapaz de estabelecer o mínimo de critério ou aprender algo novo, como pode um absurdo desses? Só no mês passado eu já ouvi, li e assisti muito mais que muito classe média por aí. Como pode sabe lá quantos adolescentes gastarem horas, semanas, meses, anos numa banda de um CD só? CD esse que é medíocre, diga-se de passagem. Como um cara que faz piada com estupro é o mais influente do twitter? Como pode alguém achar que a Wikipedia só tem artigos furados? Como pode alguém fazer todos os trabalhos com ajuda do Yahoo!Respostas ? Sério, é absurdo o quanto as pessoas se contentam sem o mínimo de discernimento. Como elas conseguem se fechar em suas garrafinhas de mediocridade e achar que não é um crime contra sua própria humanidade viver assim.
Tomara que no futuro isso melhore, porque assim não dá.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Encrenca em dobro

Seguem abaixo as narrativas de dois ocorridos no CEUB. Sendo o primeiro de cunho completamente vergonha alheia e o segundo, além da vergonha alheia, tem um pouco de Metal Gear Solid no meio.
*
Me foi passado um trabalho cujo tema era o Tumblr. "Pffff, vai ser tranquilo já que eu tenho um Tumblr há quase um ano. Vou destruir e tirar aquele SS." pensei com os meus botões. Mas, obviamente, não foi bem assim. A princípio tudo correu muito bem, todos mandaram suas partes, o powerpoint ficou bom, conseguimos uma sala com internet. Até que começamos a apresentar o trabalho, e apartir daí foi ladeira abaixo para a decadência. Explico, abri o Tumblr que tinha feito pro trabalho(que não deveria estar seguindo ninguém, mas eu devo ter seguido sem querer achando que estava na minha outra conta) e lá estavam as atualizações de outros tumblrs na minha dashboard, sendo a primeira uma imagem turva com a frase "E O MARIDAO VENDO" logo abaixo dela. Como era o tumblr do @sosjorginho eu esperava que fosse uma zoeira de boa. Só que não era. Era o sexo entre dois homo sapiens de sexos opostos, meus caros. Só que como a imagem tava turva e o telão do meu ângulo tava meio de lado, não consegui discernir o que era, então cliquei inocentemente pra mostrar as várias funções do Tumblr. Desnecessário dizer que quem conseguiu ver a imagem riu alto e o professor fez aquela cara de negação. Resultado, o constrangimento era tanto que apresentamos o trabalho bem mais rápido e pulamos várias partes. Triste, triste.
*
Eu me perco em devaneios o tempo todo, não consigo evitar. Fico surdo e desatento no processo, e demoro pra me tocar que cai numa cilada. Teve esse dia durante a aula de Mídias Sociais que me deu aquela vontade de ir no banheiro dar uma aliviada nos rins (aka mijar). Então beleza, sai da sala e avistei ao longe o banheiro com o símbolo de masculino. Mirei nele e segui devaneando (acho que nesse dia estava pensando em novas abordagens pro Zelda, mas pode ser ter sido qualquer coisa). Cheguei lá, entrei na cabine, fechei a porta e comecei o processo de aliviação. Mas eis que ouço passos... de sapatilhas! Reparem na sagacidade da conclusão que tive logo em seguida: "Peraí, homens não usam sapatilhas". Exatamente, Sherlock, Homens não usam sapatilhas. Aí eu me lembrei que ao entrar no banheiro não vi nenhum miquitório. Caso resolvido: era incontestavelmente um banheiro feminino. Começou o Metal Gear (aperta o play ali em baixo e deixa tocando enquanto lê).

O frio me percorria a espinha enquanto ouvia ela, seja lá quem fosse ela, lavando as mãos. Por sorte eu estava no meio do processo, então tinha que ir até o final. Foi o tempo dela fechar a torneira e o som de passos desaparecer na distância. Ela saiu, era agora. Terminei de mijar, fechei o zíper, abri a cabine lentamente pra confirmar que não tinha ninguém. Barra limpa. Sai da cabine, lavei a mão, e fui em direção a porta. Olhei pela entrada e vi um grupo virado pro outro lado e entretido nas suas piadas de Direito. Respirei fundo, e sai. E foi um alívio duplo, por ter saido despercebido e por ter dado aquela mijada massa.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O que me leva a comprar um livro?

Quem dera fosse só uma razão que me levasse a comprar livros, assim daria para impedi-la de fazer um rombo no meu salário. Mas é sempre mais de uma, e misturadas homogeneamente. As vezes me atrai primeiro pela capa, aí eu dou uma lida na sinopse, vou me interessando pouco a pouco até ceder e comprar. Ou simplesmente me vêm um súbito amor pela Rússia, e como eu tenho uma flutuante e disforme lista mental de clássicos mundiais (que não sei ao certo quando foi que entrou no meu cérebro), decido que é a hora de se ler um Tchekov ou Tolstói. E como eu não tenho tanto dinheiro assim (graças aos deuses) não posso me dar ao luxo de comprar livros pelo simples ato de comprar. Então sempre termino meus livros, Alessandro.

Em Fahrenreit 451 qual livro eu seria?

Pensando duas vezes, seria 'Crime & Castigo'. Antes eu tinha pensado em ser 'O Longo Adeus', mas depois me dei conta que 'Crime & Castigo' tem um discurso muito mais amplo a ser dito. Discurso esse que se debruça por todos os problemas que impomos a nós mesmos. Como a viciosa moral cujo maior trunfo é a culpa. Que diluida com votos religiosos descabidos e com a família inconcebivelmente desestruturada, levam à um desapego com qualquer tipo de afeto humano. O que explica a situação tétrica que nos encontramos hoje.
Sendo assim, te respondo, Alessandro, que eu levaria na memória os escritos de Dostoiévski. Para que a humanidade fosse mais razoável consigo mesma, e não sofresse por motivos descabidos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre a cobertura midiática da invasão das favelas no ano passado

Li os texto com a cabeça aberta pra possibilidade da minha opinião prévia sobre a cobertura ser mudada, se fosse o caso. Mas não mudou. Ela continuou a mesma só que com mais adendos factuais.

A grande imprensa ultimamente não preza por se aprofundar nos fatos, e sim pelo que a notícia pode render de lucros a ela. Nada mais justo, já que ela é grande e por isso tem muitas bocas pra alimentar quando veicula uma notícia. E convenhamos, o que traz mais lucros: se aprofundar numa matéria gastando tempo e dinheiro no processo de investigação, além da possibilidade de ferir orgulhos e dinheiros de potenciais financiadores, ou transformar um ocorrido num evento extraordinário com montagens cinematográficas? Obviamente é a segunda opção. Até porque o público já está preparado para as imagens, já foi devidamente educado com os dois filmes da saga Tropa de Elite. A receita já estava escrita, era só seguir. E foi exatamente isso que ela fez, e o fez muito bem.

Se serviu pra ajudar na luta contra o crime organizado? Serviu, mas a curto prazo e reduzido espaço. Me explico. Funcionou dentro do Rio e no decorrer da operação. Através de divulgação do Disque-Denúncia, fotos de traficantes, e com apuradores da veracidade de boatos, ajudou ali e naquela hora. Mas apontar traficantes ainda é muito pouco. Eles são só um pequeno pedaço de uma grande parafernália do crime organizado. Precisam ser apontados aqueles que lavam o dinheiro, os chefões que são os que realmente lucram e mantêm o narcotráfico ativo. Além das outras operações pelo Brasil receberem quase nenhuma, ou nenhuma, atenção da mídia.

Sendo assim, como eu já tinha percebido desde a primeira vez que vi o Globocop, a cobertura se mostrou insuficiente. Fazendo o que já fizeram uma vez e insistem em repetir: ao verem o iceberg se aproximando no oceano, fazem um filme do Titanic, ao invés de tirar o navio da rota.

sábado, 2 de abril de 2011

"O máximo de esforço para o mínimo de resultado."

Tem um ventilador aqui em casa que é uma desgraça em particular. Ligo ele na tomada, giro o marcador até a potência máxima, e ele começa rugir como se não houvesse amanhã:

-BROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM!

Aí eu ponho a mão na frente do ventilador e sinto um ventinho de nada. Engraçado. Sabe quem esse ventilador me lembra?

Minha mãe.

Desde que eu era um mulequinho ela já dizia no meu ouvido:

-Meu filho, jamais fale mal de ninguém, viu? Jamais.

Não importa onde ou quando, se ela tinha oportunidade ela soltava essa frase como uma convicção que nenhum Papa jamais teve. Que minha mãe me perdoe, mas é inviável não maldizer os outros vez ou outra. Tanto é, que nem ela resistiu à anos da própria excessiva pregação anti-maldizeres. E um dia desses ela soltou no pé do meu ouvido o seguinte comentário sobre conhecidos que tinhamos acabado de esbarrar:

-Não suporto essa gente mal-educada. Deus me livre viu.

Olhei pra ela e só consegui tecer a seguinte resposta:

-Que calor eim, mãe?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Dugpas

"These evil sorcerers, dugpas, they call them, cultivate evil for the sake of evil and nothing else. They express themselves in darkness for darkness, without leavening motive. This ardent purity has allowed them to access a secret place of great power, where the cultivation of evil proceeds in exponential fashion. And with it, the furtherance of evils resulting power. These are not fairy tales, or myths. This place of power is tangible, and as such, can be found, entered, and perhaps, utilized in some fashion. The dugpas have many names for it, but chief among them is the Black Lodge... But you dont believe me, do you? You think I'm mad. Overworked. Go away."

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Há um espião entre nós."

A intenção desse texto era, inicialmente, divagar sobre a verdadeira identidade de um professor do Montana que proclama ser um chileno doutor em direito, mas cujo o nome é Vladimir e troca o "B" pelo "V" quando fala (o que me leva a concluir que ele é na verdade um espião russo). Mas a idéia se desdobrou melhor em outro ocorrido. Ontem fui no 1º Festival de Cinema Transcendetal, com o intuito de cobrir o evento pelo Daiblog, e lá me senti como uma espécie de espião. Afinal todos lá possuiam aquela aura, em maior ou menor grau, de paz celestial que a religiosidade cristã transmite aos seus fiéis. Só que eu não possuo isso, meu conhecimento metafísico é bem diferente e desprovido dessa singularidade. Então qualquer coisa que eu tenha feito lá, em relação a espiritualidade, foram tentativas inverossímeis. Aplaudi, ri e fiquei sentido, mas não por inteiro. Aquilo não tinha me tocado no âmago em nenhum momento. Faltava uma intensidade plausível naqueles diálogos. Uma intensidade sensorial que transcendesse. Que me fizesse parar com a espionagem barata. E que enfim me mostrasse a imensa e gloriosa verdade. Uma verdade como a dor que a Beth Gibbons proclama pra si.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Neuromancer

"Neuromancer, the lane to the land of the dead. Where you are, my friend. Marie-France, my lady, she prepared this road but her lord choked her off before I could read the book of her days. Neuro from the nerves, the silver paths. Romancer. Necromancer. I call up the dead. But no, my friend. I am the dead, and their land.Stay. If your woman is a ghost, she doesn't know it. Neither will you."

segunda-feira, 21 de março de 2011

O fim de outro relacionamento

Foi mais ou menos bom enquanto durou. Foi bom porque, por um lado, eu compreendi (em escala bem menor) o drama que envolve a caça por pautas num jornal , ganhei uma grana numa quantidade bem boa pra quem ainda não gasta com contas, conheci pessoas incríveis, aprendi a me sitiar em repartições e quase zerei Ace Attorney. Agora, pelo outro lado, o tempo que eu tinha pra mim foi devidamente chacinado e o desalento foi me dissolvendo pouco a pouco. Meus projetos que foram tão magnificamente idealizados (um site pros meus quadrinhos; joguetes com o lucas, ciro e andrade; blog de música e cinema com o de paula e o melo) nem chegaram a ver a luz do dia. Eu não conseguia tempo pra desenhar ou escrever nada no dia, porque quando chegava tava fudido de acordar cedo, ir pro CEUB, voltar, almoçar rápido e correr pro trabalho, sem uma pausa significativa. O final-de-semana, que tinha passado a ser razão do meu existir, era precariamente dividido entre estudar, sair, e curtir um tempo sozinho. Enfim, não há dinheiro no mundo que valha mais que a sensação de se ter aproveitado o dia por inteiro. Me demito e saio cantando Mayer Hawthorne pra dramatizar:

quarta-feira, 9 de março de 2011

As românticas frustradas.

Sem elas, do que seria a vida? Toda prosa das donas-de-casa e lavadeiras se perderia. As ficções da pena e da máquina, morreriam. Mulheres fatais, nem existiriam. E a Bruna Surfistinha com certeza não viraria cinema num misto de pornô com um drama doloridíssimo. Ai ai meu corazón.

segunda-feira, 7 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Top 100 Da Mala

Fora de ordem, quando eu tiver coragem faço uma ordem.

Oldboy

Double Indemnity
Mulholland Drive
Sympathy For Lady Vengeance
O Cheiro do Ralo
Godfather (trilogia)
Brief Interviews With Hideous Men
2001: A Space Odyssey
The Maltese Falcon
Apocalypse Now

Cidade de Deus

Aguirre the wrath of god
The Big Lebowski
Adaptation
Brick
Taxi Driver
Reservoir Dogs
There Will Be Blood
Vertigo
Estômago

Memento

Dr. Strangelove or how I learned to love the bomb
Akira
The End of Evangelion
Batman: The Dark Knight
Irma Vep
Moon
King Of Comedy
Sorcerer
The Chaser

Bad Lieutenant: Port of New Orleans

Le Fabeleux Destine d'Amélie Poulain
GoodFellas
There Will Be Blood
500 days of Summer
Toy Story (trilogia)
American Psycho
1984
Pulp Fiction
The Good The Bad and The Ugly

Once Upon a Time in the west

Inception
Eternal sunshine of the spotless mind
Punch Drunk Love
Tenacious D In The Pick of Destiny
The Lord Of The Rings (trilogia)
Chinatown
The Shining
Following
Fargo

Funny Games
Get Carter
Glengarry Glen Ross
Citizen Kane
12 Angry Men
The Holy Mountain
Anchorman
Trainspotting
Thank you for Smoking
Paranoid Park

In Bruges
Thirst
My Blueberry Nights
Mr. Vengeance
Donnie Darko
Enter the Dragon
A Clockwork Orange
Bronson
Fight Club
Vertigo

Whatever Works
Lucky Number Slevin
Apenas o Fim
Mad Max 1 & 2
Black Swan
Never Let Me Go
Howl
O Bem-amado
Bandido da Luz Vermelha
Vengeance is Mine

Blade Runner
Singing in the Rain
Matrix 1&2
Scarface
Die Hard 1
Wild At Heart
The Hurt Locker
The Lady From Shanghai
NightWatch (trilogia)
Unforgiven

Dogtooth

Let The Right One In
Zodiac
No Country For Old Men
A Serious Men
Battle Royale
The Machinist
Bringing out the dead
Primer
Everything is illuminated

sexta-feira, 4 de março de 2011

"Preciso falar contigo."

Que as vezes tem momentos que a dor vai te corroendo de fora pra dentro, sabe? Começa com uns azares bobos, o ônibus começa a chegar atrasado, te pegam falando mal de alguém, só chove quando você sai de casa. Vai passando pra situações covardes, amigos sendo ignorantes contigo, gente puxando briga sem razão, babaquice alheia recorrente. Até que explode na sua cara a pior situação possível: enquanto o Heartbreak Kid é massacrado no último Wrestlemania da vida dele, aquele amor velho vem discutir relacionamento contigo pronta pra brigar pelo fim. Então eis que a bílis negra incide e você se revira numa espiral contorcida. Pois é, sabe esse fatídico momento? Eu tô é passando longe dele, rapaz. Me guardei todo pra esse carnaval e agora eu vou é sambar, porque esse ano tá mais delicioso que o bolo de cenoura com cobertura de chocolate da Nara. Pode vir, feriado, que eu vou te aproveitar do começo ao fim.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Resenha Shutter Island (Ilha do medo)



Num misto de noir com terror psicológico clássico, Martin Scorcese cria mais uma belíssima obra cinematográfica. A história gira em torno de Teddy Daniels (Leonardo DiCapri) e Chuck Aule (Mark Ruffalo), dois detetives que são convocados para investigar o desaparecimento de uma paciente do manicômio para insanos criminosos em Shutter Island. Na fotografia o filme carrega consigo a marca clássica do noir, uma sufocante escuridão onde as noites são trevas herméticas e os dias nunca chegam a ser prontamente claros. Com tomadas de câmera ambíguas que não deixam transparecer as verdadeiras intenções dos personagens em nenhum momento. Atuação primorosa de todos os envolvidos, com destaque para o DiCaprio que carrega excepcionalmente bem o fardo psicológico do personagem principal. Trilha sonora não muito marcante, mas completamente funcional. E com a direção marcante do Scorcese, o enredo (que não surpreende aos mais afeiçoados ao gênero de mistério) fica muito mais interessante. Gerando assim um filme onde o destaque jaz na direção e não no roteiro, o que não é nem de longe ruim, talvez seja até melhor assim. Enfim, o filme é excepcional, se ainda não o viu, veja.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

"É chuva de verão, Neto."

Eu não gosto de chuvas, só pra começar. Nem se fossem sutis pingos no cocuruto (ao invés dos recorrentes dilúvios) eu gostaria de chuvas. Sempre gera toda uma balbúrdia aterrada como se fosse o último sinal do apocalipse, mães gritando pros filhos as ajudarem a retirar as roupas do varal, mulheres clamando e praguejando em plena manhã de domingo porque suas chapinhas foram corrompidas, castelinhos de areia sendo dissolvidos, bebês chorando, etc. Planos com meses de antecedência são cancelados integralmente desnorteando completamente os envolvidos, aquela peladinha de domingo com churrasco é cancelada, a pegação com aquela bonitinha que mora longe é cancelada, em outras palavras, a vida em geral é cancelada. E os adolescentes medíocres e hipsters que começam a tirar fotos dos pingos de chuva na janela e escrevem poesias sobre isso? Enfim, tudo se torna desditoso diante dessas precipitações torrenciais. Proponho, então, que Deus, na sua magnitude e excepcional sapiência, no momento que for preencher nossa vida com a dádiva da água, o faça subterraneamente, trazendo assim a paz aos homens e a secura de nossos ternos risca-giz caríssimos. Amém.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Qual seu personagem preferido?"

Essa pergunta desencadeia em mim todo um processo regressivo. Sempre tive um personagem favorito em cada época da minha vida, desde criança. Primeiro foi o megaman, eu até sonhava em ser cientista só pra criar robôs como ele. Depois dele veio o quê? Me lembro que foram vários que passaram por mim voando, nem me lembro hoje o nome deles, eram mais um bando de tapa-buracos sentimentais enquanto eu transitava pra outra idade. Então veio o Roland Deschain, personagem principal do épico de Stephen King, A Torre Negra. Um cowboy, com caráter de um cavaleiro medieval, em um lugar que era a junção de todas eras e nenhuma delas ao mesmo tempo. Mais do que um personagem incrível, ele era reflexo direto do progresso de Stephen King como autor e ser humano, mudando a cada novo livro, se tornando um personagem completamente diferente ao chegar no último livro da saga ( são sete livros). Mas hoje ele já não é mais o meu favorito, já passei por toda a transição pela qual Roland passou, não preciso mais dele como guia ao meu lado. Agora o que eu preciso é algo que me ajude a resolver casos, cigarros, mulheres fatais, neons eternamente piscando em noites ásperas. Preciso de uma dose de Scotch e a ajuda do Philip Marlowe pra resolver esses casos desastrosos. Philip Marlowe, detetive particular e resolvedor de encrencas é atualmente meu personagem favorito.
Hamlet, também é um ótimo personagem, Alexandre Martins, mas não meu favorito.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"Por que eu gosto de ler livros?"

Me perguntou Alessandro Martins, e eu fiquei perplexo por um longo tempo. Já leio faz tempo. Na verdade, desde que me conheço por gente eu leio. Comecei na Turma da Mônica e hoje converso muito com Dostoiévski. Mas pra te dizer a verdade nunca parei pra me perguntar isso.
Acho que meu gosto por leitura se resume ao ato de conversar. Um belo, longo, e incrível diálogo entre o leitor e o escritor. "Mas quem lê, nada fala, só ouve!" bradam os broncos austeros no cume da montanha empunhando suas espadas de bronze. Ora pois, acalmem-se todos, eis que lhes explico o processo todo: existem coisas que todos nós ansiamos por palestrar, coisas que nos transcendem e que podem transceder outrem, mas que jamais teremos oportunidade de falar por todo tipo de razão. Então, diante da enorme palestra que não podemos cavaquear, o que fazer? Bem, só nos resta escrever, para que talvez algum dia alguém possa ler. E quando esse alguém interpretar o que está escrito, vai ter uma opinião sobre cada linha lida. Se uma opinião ocorre, meus caros, há uma conversa, por mais inaudita que seja, pode ter certeza que há. E sabe qual é a magia disso tudo? O ser que acabou de desbravar as linhas de um texto qualquer, tem o universo expandido porque agora ele sabe não só o que ele conheceu, mas possui consigo também o conhecimento de outrem. E o mundo que antes era só ciano, magenta e amarelo, vai tomando mais e mais cores que se confundem, crescem, e sempre tem algo novo a nos dizer.