domingo, 27 de fevereiro de 2011

"É chuva de verão, Neto."

Eu não gosto de chuvas, só pra começar. Nem se fossem sutis pingos no cocuruto (ao invés dos recorrentes dilúvios) eu gostaria de chuvas. Sempre gera toda uma balbúrdia aterrada como se fosse o último sinal do apocalipse, mães gritando pros filhos as ajudarem a retirar as roupas do varal, mulheres clamando e praguejando em plena manhã de domingo porque suas chapinhas foram corrompidas, castelinhos de areia sendo dissolvidos, bebês chorando, etc. Planos com meses de antecedência são cancelados integralmente desnorteando completamente os envolvidos, aquela peladinha de domingo com churrasco é cancelada, a pegação com aquela bonitinha que mora longe é cancelada, em outras palavras, a vida em geral é cancelada. E os adolescentes medíocres e hipsters que começam a tirar fotos dos pingos de chuva na janela e escrevem poesias sobre isso? Enfim, tudo se torna desditoso diante dessas precipitações torrenciais. Proponho, então, que Deus, na sua magnitude e excepcional sapiência, no momento que for preencher nossa vida com a dádiva da água, o faça subterraneamente, trazendo assim a paz aos homens e a secura de nossos ternos risca-giz caríssimos. Amém.

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