quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre a cobertura midiática da invasão das favelas no ano passado

Li os texto com a cabeça aberta pra possibilidade da minha opinião prévia sobre a cobertura ser mudada, se fosse o caso. Mas não mudou. Ela continuou a mesma só que com mais adendos factuais.

A grande imprensa ultimamente não preza por se aprofundar nos fatos, e sim pelo que a notícia pode render de lucros a ela. Nada mais justo, já que ela é grande e por isso tem muitas bocas pra alimentar quando veicula uma notícia. E convenhamos, o que traz mais lucros: se aprofundar numa matéria gastando tempo e dinheiro no processo de investigação, além da possibilidade de ferir orgulhos e dinheiros de potenciais financiadores, ou transformar um ocorrido num evento extraordinário com montagens cinematográficas? Obviamente é a segunda opção. Até porque o público já está preparado para as imagens, já foi devidamente educado com os dois filmes da saga Tropa de Elite. A receita já estava escrita, era só seguir. E foi exatamente isso que ela fez, e o fez muito bem.

Se serviu pra ajudar na luta contra o crime organizado? Serviu, mas a curto prazo e reduzido espaço. Me explico. Funcionou dentro do Rio e no decorrer da operação. Através de divulgação do Disque-Denúncia, fotos de traficantes, e com apuradores da veracidade de boatos, ajudou ali e naquela hora. Mas apontar traficantes ainda é muito pouco. Eles são só um pequeno pedaço de uma grande parafernália do crime organizado. Precisam ser apontados aqueles que lavam o dinheiro, os chefões que são os que realmente lucram e mantêm o narcotráfico ativo. Além das outras operações pelo Brasil receberem quase nenhuma, ou nenhuma, atenção da mídia.

Sendo assim, como eu já tinha percebido desde a primeira vez que vi o Globocop, a cobertura se mostrou insuficiente. Fazendo o que já fizeram uma vez e insistem em repetir: ao verem o iceberg se aproximando no oceano, fazem um filme do Titanic, ao invés de tirar o navio da rota.

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