terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nelson Rodrigues e Dostoiévski

"Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo: perguntou-me: 'O que é que você leu?' Respondi: 'Doistoevski.' Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: 'Que mais?' E eu: 'Dostoievski.' Teimou: 'Só?' Repeti: 'Dostoievski." O sujeito, aturdido pelos seus quarenta volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoievski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema de num sei quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura."

Surrupiado de O Óbvio Ululante.

Aproveito pra dizer que Nelson manda muito na prosa.


2 comentários:

  1. Hum...
    Muito bom mesmo.
    Entretanto, eu discordo sobre a releitura.

    Odeio. X=
    É claro que você vai aprofundar bem mais...
    ...mas também pode distorcer uma visão inicial que podia nem ser considerada errada, mas outra.

    (tinha escrito "discordo" com "e".. shame..)

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  2. Não era chegado também não. Mas sei lá, já vi Old Boy umas dez vezes, sendo que odiava rever filmes. Acho que estou pronto pra adentrar o incrível e mágico mundo da releitura.

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